Presentes em 12 estados brasileiros, seringueiros contribuem para a geração de empregos e renda

Importante commodity agrícola, a borracha natural é considerada produto estratégico para a economia global. A diversidade de sua aplicação industrial, essencial na manufatura de artefatos usados na indústria pneumática e automotora, aviões e tratores agrícolas, além de utilizada na fabricação de pisos industriais, luvas e materiais cirúrgicos, confere o elevado grau de importância econômica da heveicultura. O setor comemora nesta quinta-feira, (03/03), o Dia do Seringueiro e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), juntamente com as federações da agricultura e pecuária e sindicatos de produtores rurais, parabeniza a todos os profissionais da borracha pela atuação e dedicação no cultivo e exploração da espécie.

O seringueiro é o personagem principal típico da região dos seringais. É aquele que extrai o látex das seringueiras e viabiliza sua transformação em borracha natural. A experiência e a competência profissionais são fundamentais na extração, que começa com a retirada de uma pequena porção da casca da árvore, logo acima da linha de corte. Esse procedimento precisa do encaixe perfeito da faca na planta para uma realização bem sucedida do manejo.

No Brasil, a seringueira é cultivada em doze estados: São Paulo, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Pará, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Paraná, Amazonas e Acre. São mais de 25 mil famílias que vivem do produto da seringueira em mais de 40 mil hectares de área plantada. O setor, que emprega uma pessoa por quatro hectares, é responsável pela geração de 80 mil postos de trabalho no país. Para a assessora técnica da Comissão Nacional de Silvicultura e Agrossilvicultura da CNA, Camila Braga, "isso indica a importância da cultura no aspecto social, ambiental e para segurança e qualidade de vida dos produtores".

A produção nacional brasileira de borracha natural (látex coagulado), em 2014, foi de 320 mil toneladas (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE). O estado de São Paulo respondeu por 58% da produção nacional, com 185 mil toneladas. Bahia produziu 48 mil toneladas, Mato Grosso, 27 mil e Espírito Santo, 11 mil toneladas.

A seringueira possui safra de 10 meses e, mantidas as técnicas adequadas de manejo, produz látex por mais de 30 anos. O mercado interno possui histórica dependência da borracha importada, que atualmente atende 2/3 do consumo. De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT-2015), a frota de veículos de cargas aumentou de 1,3 milhão para 2,3 milhões de unidades, entre 2008 e 2014, aumentando a demanda do produto pelas indústrias automotoras e pneumáticas.

A borracha in natura é considerada um produto estratégico para a economia mundial e há diversidade de aplicação na indústria. O segmento voltado à produção de pneus, por exemplo, consome mais de 70% da produção de borracha natural. Presente também na fabricação do lacre de proteção do botijão de gás, pisos industriais e materiais cirúrgicos.

Mais competitividade – A Comissão Nacional de Silvicultura e Agrossilvicultura da CNA não tem medido esforços nas iniciativas para aumentar a competitividade da heveicultura nacional. Nesse sentido, dentre as principais ações da Comissão estão a parceira com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), para produção de cartilhas e cursos de capacitação sobre Boas Práticas Agrícolas na Heveicultura e Técnicas de Exploração do Seringal; acompanhamento do mercado da borracha natural para orientação de produtores na negociação de preços; acompanhamento na Câmara de Comércio Exterior sobre a tarifa de importação da borracha natural, além de participar da elaboração de propostas para o Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas.

Conheça abaixo histórias de três produtores, dos estados de Mato Grosso, Bahia e Espírito Santo. Os textos foram produzidos em colaboração com as Assessorias de Comunicação das Federações da Agricultura e Pecuária dos estados.

MATO GROSSO

Presidente da Associação dos Heveicultores de Mato Grosso (Ahevea-MT) e proprietário de seringais no município de Barra de Bugres, o seringalista Ricardo Ferraz de Camargo costuma dizer que o seringueiro é o "artesão e soldado da borracha". Camargo iniciou a produção de seringueira no estado em 1982, mas já produzia no Acre, desde 1975, e em Rondônia, desde 1980. Ele conta que seu plantio de seringueira é tradicional e que trabalha com parceria agrícola há mais de 31 anos. "A seringueira é uma alternativa de produção e renda para o produtor rural. É um trabalho esplendoroso, pois envolve pessoas do campo que sabem lidar com os segredos da natureza. O artesão da borracha, além de trabalhar por amor, tira dali o sustento da família", explica. Para trabalhar na atividade, ele diz, precisa ter o dom e ser paciente para não machucar a árvore, pois quando a planta é ferida, o seringueiro perde a produção. "É comum ver homens e mulheres com idades avançadas nesse manejo. Essa é a melhor profissão para a terceira idade". Quando perguntado sobre as principais dificuldades do setor, o presidente da associação desabafa sobre a falta de políticas públicas e o baixo preço pago. "Infelizmente em nosso país não há políticas eficazes que garantam a estabilidade dos seringalistas. Nós sofremos com os preços e desvalorização da categoria. Precisamos que o governo do estado incentive a cultura da borracha por meio de programas de financiamento, levando em consideração seu potencial econômico. É necessário buscar estratégias para que tenhamos resultados mais satisfatórios", finaliza Ricardo Camargo.

BAHIA

Membro do Sindicato dos Produtores Rurais de Ituberá (SPRI), na Bahia, o produtor Gileno Araújo dos Santos iniciou seu plantio de seringueira em 2003. Gileno utilizava a seringueira como sobra para os cultivos de cacau, rambutan, cupuaçu, por meio do sistema agroflorestal, que permite o aproveitamento da área em dois ou três cultivos. "A seringueira é um excelente cultivo, desde que seja consorciado, pois o retorno da produção só se dá após seis anos de plantio. Após o início da exploração, obtemos receitas diárias e vida útil de trinta a quarenta anos". A comercialização de Gileno é feita por meio da Cooperativa dos Agricultores Familiares do Baixo Sul, de Ituberá. "Estou buscando, juntamente com outros produtores, um mercado mais justo. Como nosso plantio é todo no modelo consorciado com as culturas do cacau, mangustão, rambutan e cupuaçu, não ficamos reféns apenas do cultivo da seringueira e, ainda, diversificamos a exploração da área que dispomos", conta. Para o produtor baiano, o preço é a maior dificuldade enfrentada diariamente pelo seringueiro e "hoje está mais barato importar do que comprar no Brasil. A escassez de mão de obra especializada para realizar a sangria e o ataque de pragas, como a lagarta mandarová, dificultam nossa vida", desabafa Gileno Araújo.

ESPÍRITO SANTO

Há 30 anos na atividade de seringueiro, associado à Cooperativa dos Seringalistas do Espírito Santo (Heveacoop), de Vila Velha, e ao Sindicato Rural da região, o capixaba José Manoel Monteiro de Castro conta que a melhor escolha foi se aventurar com o plantio da árvore. Em 1982, recorreu a um programa federal de incentivo ao plantio e hoje comemora a qualidade de vida conquistada. "Obtive com a sangria de três mil pés de seringueiras uma renda mensal regular, fator principal que me levou a consorciar, em meus 32 hectares de terras, com cacau e palmáceas".  Sua propriedade "Quinta Serrão Monteiro de Castro" fica na comunidade Maranhão, no município de Iconha, no Espírito Santo. "Na sangria trabalham eu, minha esposa, alguns parceiros rurais e sócios da Cooperativa. Por dia, sangramos 500 árvores que, ao fim do mês, rendem 1.700 quilos de borracha natural, vendidos à cooperativa, a R$ 2,30". Atualmente o produtor caminha para mais um investimento no seringal, com expansão de 9 mil árvores, o qual metade vem de recurso próprio e o restante proveniente de financiamento do Banco do Brasil. "Essa é a hora de investir. Mesmo com a borracha brasileira sofrendo concorrência desleal da China, nossa commodity vai se recuperar no mercado e teremos bons resultados", conclui Monteiro.  

Fonte: Ascom CNA com colobaração Ascom Famato

 

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Pecuaristas de MT visitam propriedade familiar no estado do Kansas

Os participantes da Missão Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) iniciaram quarta-feira (02/03) as visitas às propriedades rurais dos Estados Unidos começando pela Triangle H, em Garden City, estado do Kansas conhecido como"Velho Oeste".

Segundo o diretor de Relações Institucionais da Famato Rogério Romanini, a visita foi muito produtiva. A propriedade administrada por três irmãos é um exemplo de sucesso com diferencial na pecuária e na produção de grãos."Iniciativa inteligente de produzir por meio dos grãos a proteína animal que alimentam o gado da própria fazenda otimizando os gastos e aumentando os rendimentos".

A propriedade familiar que tem mais de cem anos já está na quarta geração. Os três irmãos Samuel Hands, Gregory Hands e Tyler Hands estão à frente dos negócios.

O bisavô dos irmãos Hands chegou ao Oeste do Kansas em 1.870 como um cowboy que transportava gado. A partir disso, em 1.905, a família recebeu um pedaço de terra do governo onde começou a construir tudo que existe hoje. A sucessão familiar vem passando desde o bisavô, avô, pai e agora os irmãos.

Na propriedade de quatro mil hectares a principal atividade é a pecuária, onde utilizam os métodos de cria, recria e engorda. Há também rotação de produção de grãos, como milho, sorgo, soja, trigo e alfafa. A alfafa é usada para comercialização, como pasto e foragem, e na alimentação do próprio gado.

São mais de seis mil cabeças de gado, sendo dois mil no confinamento e outras duas mil vacas separadas são de cria e recria. Os machos são castrados com a finalidade de engorda.

Para o produtor e presidente do Sindicato Rural de Juara, noroeste de Mato Grosso, Jorge Mariano de Souza o que mais chamou a atenção foi a qualidade dos animais e a estrutura da fazenda."Uma estrutura simples, porém prática e não é uma estrutura muito cara", disse.

Confinamento – No confinamento os animais ficam de 150 a 160 dias, entram com peso aproximado de 420kg a 450 kg e saem com aproximadamente 700 Kg. Atualmente a renda bruta por animal varia de U$ 1.900 a U$ 2.000, sendo considerada uma renda bruta muito boa.

As fêmeas têm ganho diário de peso em média 1,3 kg a 1,4 kg e os machos de 1,7 kg a 1,8kg por dia.

Os irmãos ainda arrendam aproximadamente 2.200 hectares em outra região, onde também trabalham com plantação e produção de gado.

A produção de grãos não é suficiente para alimentar as mais de seis mil cabeça de gado e, para complementar a alimentação dos animais, os grãos são trazidos de outras propriedades.

Samuel Hands explicou que em se tratando de estratégias de mercado, a pecuária na região é vantajosa. Segundo ele, compensa a produção de grãos que são transformados em proteína animal.

Na região da propriedade onde existe maior fluxo de água os irmãos optam pela produção de alfafa e milho, e onde há pouca água a opção é pelo sorgo, soja e o trigo.

Inicialmente, a irrigação era feita por canal, depois tubos, e atualmente são pivôs, o que garante a economia de água e com isso conseguem uma melhor produtividade. Além disso, a distribuição da água fica mais eficiente."Construímos muito mais pastagens de qualidade utilizando menor quantidade de água", disse Samuel.

De acordo com Hands 80% da propriedade é irrigada e os 20% da área não irrigada é utilizada para a cultura de sequeiro ou ficam para preservação.

 O produtor afirmou que os resultados obtidos se dão pela dedicação e o avanço das tecnologias."Acredito que o sucesso da nossa propriedade é sorte unida com a determinação do povo de Garden City. Atribuo também aos recursos que temos aqui, como as tecnologias. A água subterrânea e o gás natural, por exemplo, garante uma boa produção de grãos", disse Samuel Hands.

De acordo com Hands, no Kansas é comum os pais passarem a propriedade para os filhos."O povo do Kansas tem paixão no que faz e desde cedo transmite esse sentimento para os filhos. Antigamente, tudo era feito do modo antigo ‘serviço braçal’ e nem por isso abandonamos nossas raízes. Agora temos as tecnologias que nos auxiliam muito e as próximas gerações vão herdar isso, principalmente a paixão", disse o pecuarista.

Rendimento – O peso médio dos animais na propriedade é de 1.478 libras, que é vendido por U$ 2.000 em média. As 1.478 libras equivalem a 671 Kg aproximadamente de peso vivo e não de carcaça. Levando em consideração o ganho de peso de 1,8 kg a 2 kg por dia, o animal que entrou com 450 kg após os 150 dias no confinamento sai com 750 km em média. O rendimento de carcaça é de 60% comparado com o real preço da arroba aqui nos EUA que é de R$ 304,40.

Acompanhe também os bastidores da Missão Técnica no blog da Famato www.blogdafamato.wordpress.com/missao-tecnica-estados-unidos-2016 e pelas redes sociais www.facebook.com/sistemafamato e instagram @sistemafamato.

Fonte: Ascom Famato

 

 

 

Fazenda Mafra de Nova Mutum apresenta manejo diferenciado

A Fazenda Mafra do município de Nova Mutum atua na criação de gado de corte em Mato Grosso e foi uma das sete propriedades destaques em 2015 no Prêmio Sistema Famato em Campo com um manejo diferenciado. Nesta última matéria da série especial das fazendas que participaram do prêmio, conheceremos os diferenciais da Mafra.

A Mafra é uma propriedade de capital privado, pertencente ao grupo Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A, e foi fundada em 1970, estando em atividade há mais de 39 anos. Começou com o projeto SUDAM explorando látex e pecuária tradicional de ciclo completo até 2006. Após constatar o potencial para a soja, um dos acionistas resolveu apresentar a proposta aos demais sócios.

O gerente executivo de operações da Mafra Elder Bruno conta que atualmente as 12 mil cabeças de gado estão restritas em 30% da área com pastejo continuo e os 70% da área produtiva restante são ocupados com agricultura e sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP). A agricultura começou em 2009 nas áreas de pastagens degradas. Nos pastos localizados próximos aos centros de manejos foi realizada agricultura durante quatro anos e depois foram incorporadas às áreas de pastagem, sendo que atualmente os pastos perenes ocupam áreas marginais inaptas para agricultura.

Na propriedade é feito ciclo completo, como também compra de bezerros, utilizam sistemas de semiconfinamento e confinamento para terminação usando resíduos e produtos da agricultura.

O rebanho é de matrizes nelores para cruzamento industrial terminal, melhoramento via Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e touros de repasse oriundos de programas de melhoramento.

De acordo com Elder, em 1/3 da IATF realizada no início da estação de monta são utilizados touros nelores com Diferenças Esperadas na Progênie (DEP’s) para habilidade materna e nos 2/3 finais da estação é utilizado cruzamento industrial. Ainda segundo o gerente, os animais são identificados com brinco eletrônico e número de referência, formato Sisbov para controle interno.

A propriedade tem 100% da Área de Preservação Permanente (APP) cercada, e em três anos de recuperação plantou mais de 120 mil mudas de plantas nativas nas áreas de regeneração.

Outro diferencial destacado pelo gerente executivo foi o tratamento dado aos colaboradores da fazenda. "Oferecemos acomodação de qualidade, estrutura de moradia adequada, registro da carteira de trabalho, treinamentos, plano de cargos e carreiras, programas de sustentabilidade e programas de metas operacionais e comportamentais". 

Entre os programas de sustentabilidade Elder destacou a parceria da propriedade com uma empresa privada que realiza a reciclagem de todo plástico gerado nas residências dos funcionários e na propriedade (pecuária e agricultura). Esse material retorna para a fazenda em forma de cocho (local onde os animais se alimentam).

Elder assegurou que o trabalho de melhoramento genético na raça Nelore foi um dos grandes diferenciais que chamou a atenção da comissão organizadora. "Toda a dedicação e bons frutos da Mafra, priorizando funcionalidade e produtividade que têm conquistado o mercado seletivo e comercial, puderam ser observados pela comissão", destacou o gerente.

Sobre o prêmio O Prêmio Sistema Famato em Campo é uma iniciativa da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Surgiu para identificar no estado práticas diferenciadas da pecuária.

As sete propriedades de maior destaque apresentaram seus cases de sucesso durante o evento Rentabilidade no Meio Rural, no auditório do Senar-MT, realizado em dezembro de 2015, e foram premiadas com o troféu Sistema Famato em Campo sendo reconhecidas como referência em produção no estado.

As duas que mais pontuaram, as fazendas Vale Verde, de Nova Bandeirantes, e Boqueirão, de Santo Antônio de Leverger, também foram premiadas com uma viagem para os Estados Unidos, onde irão participar de uma missão técnica com visitas ao Ministério da Agricultura americano e propriedades de corte e leite. Além disso, apresentarão seus cases na Universidade Estadual do Kansas durante o evento Cattlemens Day, em março de 2016.

Para conhecer mais sobre as outras propriedades acesse:

Pecuária intensificada é o foco das fazendas Girassol e Girassol do Prata

http://sistemafamato.org.br/portal/famato/noticia_completa.php?codNoticia=236431

Fazenda Piraguassú fica entre as sete destaques de 2015

http://sistemafamato.org.br/portal/famato/noticia_completa.php?codNoticia=236444

Fazenda Vale Verde vai apresentar case de sucesso em Kansas nos Estados Unidos

http://sistemafamato.org.br/portal/famato/noticia_completa.php?codNoticia=236453

Fazenda Boqueirão na baixada cuiabana representará Mato Grosso nos Estados Unidos

http://sistemafamato.org.br/portal/famato/noticia_completa.php?codNoticia=236467

Sistemas de integração são destaques das Fazendas Gamada e Fortuna

http://sistemafamato.org.br/portal/famato/noticia_completa.php?codNoticia=236485

Investimentos no solo e em pastagem são diferenciais da Estância Bacuri